Por que?

Hoje senti vontade de viajar. Pegar o carro e partir pelo litoral, com música alta e janelas abertas.
Queria por alguns instantes não saber meu destino, fingir que poderíamos ficar juntos e felizes, igual as histórias que a minha avó sempre contou.
Me diz, anjo, porque o mundo é tão ditador? Por que ele grita e ordena que eu siga apenas meu caminho cercado de tacos e arames, solitariamente unidos?
Me diz, também, se sair comigo não seria uma boa!
Mas mantenhamos o pé no chão e sigamos. Sigamos, sim, porque se o destino existe, ele nos trará na mesma onda.

É muita ilusão pra uma madrugada só. É muito vazio.
Vou dormir e ter os mais belos sonhos coloridos que alguém pode desejar, regados de vento nos cabelos e ondas gigantescas sob as areias.

De repente


        E de repente, quase que por um segundo, eu tive saudade de você.
       Quase que pra sempre, eu sei que é você o meu amor.
       Senti, sim, o medo de não ter você por perto, e hoje, eu posso sentir você em mim sempre que fecho os olhos e inspiro o seu cheiro, que quase por instinto, é o mesmo que o meu.
       Hoje eu pude compreender a imensidão que há de você dentro de mim.
       Eu relutei, mas sempre senti no seu toque, a suavidade do amor.
       De repente, eu já sabia que era você.
       E me imaginava nos seus braços e seus beijos nos meus. Quem sabe, estar contigo, fosse a sensação única na qual minha paz se estabiliza.

        Sabe, amor, não há "de repente", mas estar com você, é tudo o que eu preciso nesse segundo de saudade.

Odeio

 Odeio o jeito como você me olha e finge que nao vê,
Odeio como me segue para depois se esconder,
Odeio sua onipresenca e mais ainda sua ausência,
Odeio sua eterna calma, quando tudo para mim tem urgência,
Odeio quando você conhece a todos e quase sempre é assim,
E odeio muito mais, se por isso, você esquece de mim.
Odeio como seus olhos me seguem e depois tentam fugir,
Odeio quando tento ser séria e você consegue me fazer sorrir,
Odeio quando me provoca,
E odeio porque nao se toca,
Que te odeio mais que tudo,
Que meu odio é absurdo,
Te odeio muito, mais meu ódio por mim é maior,
Pois uso o ódio para disfarçar,
E me odeio eternamente, pois nem por um segundo,
Consigo te odiar.

Futuro tão distante

Do pouco que sei, do muito que vi, me privo de observar os tolos sábios que esperam no tempo. Ora, o egoísmo me possui.
Na correria pelo que é meu, é teu, são nossos; Um  futuro chamado "tempo" realça nossa insatisfação com o agora. Não possuí-lo nos intriga, nos faz crer no que parecia impossível, trazendo para nós, medo de que talvez seguimos para o oposto quando tudo anda à pé, ou somos mesmos erradeiros.
 O tempo traz porquês, quais e comos, desconexos. Daí, um brinde, aos seguidores e abominantes dele. Espere e verás.

É teu


                                                      
                                               Tu bem sabes desse amor,
                                             que vem e vai, que trás a dor,
                                                                flor.
                                        Que diz ser fiel, mas rouba nosso eu.

                                           Eu disse ao pé dos teus ouvidos,
                                                  entre todos os ruídos,
                                                            gemidos,
                                       que não é fácil, mas você o remoeu.

                                           Então, não venhas, tu, me julgar,
                                                dizer que eu não sei amar,
                                                             quiçá,
                                      Sempre soubestes que o que há em mim...

                                                           ... É teu.






Lágrima

A lágrima, nada mais é, do que o fruto de um coração que não suportou intenso sentimento e transbordou.

Suas mãos.

Aquelas mãos já me eram conhecidas de calos passados. Conhecidas por minhas mãos, meu rosto, meu corpo.
Em um abraço, trocavam-se mais que cumprimentos. Os opostos já gritavam na ânsia de se atrair.

Amizade furta-cor, na qual se haviam lacunas, se encontrava entre a primeira e a terceira intenção. Descoberta, apenas, pela força de um destino especial.

Ah, era ela quem guardava a resposta que inquieta até mentes privilegiadas.

Beleza real é contemplar a amizade e o amor, agindo na naturalidade, imaturalidiade, unindo o singular ao plural.

Soneto do desapego

Jaz aqui minha saudade.
Não sei mais o que sentir.
Conto os passos que não ouço,
Prometo aos fantasmas dar-te o troco,
Não sei mais o que sentir.
Minha saudade jaz aqui.

Eu.

Eu, que não sigo à risca o verbo viver.
Eu, que sou egoísta e choro, sim.
Eu, que sou cheia de defeitos e imperfeições.
E você, que neste momento, talvez, esteja me julgando por minhas auto-condenações.
Mais uma vez, eu, que só desejo um mundo melhor e que essas aflições passem.



“E eu, tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes vil,
Eu tantas vezes irrespondivelmente parasita,
Indesculpavelmente sujo,
Eu, que tantas vezes não tenho tido paciência para tomar banho,
Eu, que tantas vezes tenho sido ridículo, absurdo...”
(Álvaro de Campos)

Era uma vez.

Era uma vez um dia frio e de saudade. Um dia, no qual, as lembranças paeravam a mente e perturbavam os sentidos.
Era uma vez a história de nós dois e era uma vez. Só uma vez.



              "Oh, sim, eu estou tão cansada, mas não pra dizer que eu estou indo embora.
               Talvez eu volte... Um dia eu volto. Mas eu quero esquecê-lo. Eu preciso."